terça-feira, 16 de março de 2010

A CORTE E AS BAIANAS NO MARACATU RURAL

“ No começo, o Maracatu Rural não possuía a corte, pois esta não existia entre os primeiros habitantes do Brasil. Foi trazida pelos europeus e pelos reinos africanos. Ela surge, gradativamente, no Maracatu de Caboclo ou de Baque Solto à medida que eles começaram a se apresentar no Carnaval do Recife, uma lembrança dos tempos em que houve a coroação dos Reis do Congo, nos pátios das igrejas das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. O cortejo da procissão, com a perda do prestígio e poder das irmandades, transformou-se no Cortejo da Apresentação do Maracatu nos Canaviais.

A presença de uma corte no Maracatu de Caboclos foi uma exigência da Federação Carnavalesca Pernambucana, pra que a Dança de Caboclos fosse aceita como Maracatu. [.....] As tribos caboclas aceitaram a corte para poderem desfilar no carnaval, o Maracatu Rural tinha que se adequar aos padrões dos Tradicionais Maracatus originários das irmandades que congregavam as comunidades negras do século XIX. Assim, os caboclos tinham que simular uma realeza. [.....] O povo caboclo assumiu mais esta influência e hoje j á nos acostumamos a ouvir que sem o rei e a rainha o maracatu não sai.

A Corte do Maracatu Rural tem o formato do Maracatu Urbano: um rei, uma rainha, a dama do paço, que tem a boneca em suas mãos, a dama do buquê, e o valete, cavaleiro que acompanha e protege a Dama.

[.....] Também se ouve dizer que maracatu só presta com baiana. Nos primeiros tempos sempre havia homens vestidos de mulheres. Assim, quando as baianas entraram no Maracatu com a corte, sempre eram homens vestidos de mulher. Hoje é difícil ver homens vestidos de baiana. Segundo Mestre Duda, as mulheres entraram primeiro no Maracatu Leão das Flores, do Mestre João de Lianda, entre 1955de e 1957, em Itaquitinga. Mas, como no Maracatu tudo é tradição oral, o caboclo Zé da Rosa diz a mesma coisa em relação ao Cambinda Brasileira de Nazaré da Mata.

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