terça-feira, 16 de março de 2010

A ROUPA DO CABOCLO

“ A Roupa do Caboclo de Lança é chamada de arrumação, cada um cuida de sua. No começo era uma tribo pobre, como conta o Mestre Zé Duda, do Estrela de Ouro de Chã de Câmara.

....a roupa, antigamente, era chita. Dessa roupa que cobre o boi. Era chita. Hoje em dia, nem boi quer ser coberto de chita. Não. Hoje um caboclo quando vem para brincar de caboclo, ele vem com uma roupa estampada, toda bonita vai para a festa. E, naquele tempo não era. Era de chita, tipo Mateus.

O caboclo e lança se vestia bonito, mais simples. O mestre Zé Duda diz que:

“Não tinha gola bonita não.

No carnaval. Era funí.

Era tipo chapéu de Mateus.”

O SURRÃO

Preso nos ombros está o Surrão, com chocalhos pingentes, que Cambinda Brasileira, Caboclo de 70 anos de idade, dizia com alegria. Só tiro o surrão quando morrer. [.....] Nos dias d festa, o som que marca os passos do caboclo é uma lembrança da existência de um povo que parecia não mais existir. Ele orgulhoso, informa que está vivo e que continua sendo senhor dos seus sonhos. [.....]

A CABELEIRA

Nos dias de hoje, apenas o Mateus continua como chapéu- de- funil. A cabeleira foi crescendo com o tempo, enfeitando de papel celofane, cobrindo e colorindo o chapéu de palha. Tão comum na região. Hoje em dia uma tiara pode chegar a 700, 800 pedaços de fitas. [.....]

O ROSTO

É quase um possível ver o rosto do caboclo. O chapéu de tiara com sua cabeleira cada vez mais vasta, deixa pouco a ver . Um lenço protege o couro cabeludo e a testa da aspereza do chapéu. O caboclo tem sempre o rosto pintado de urucum, escondendo o que o lenço estampado deixa à mostra. [.....]

E tem uma rosa ou um cravo na boca: uma flor, um compromisso, um segredo. Cada qual tem o seu, uma escolha sua, uma promessa. É uma flor preparada, alguns caboclos a colocam em um copo d’água. [.....]

A GOLA

Por cima das roupas e do surrão é colocada a gol. O maior orgulho d um caboclo, o mais belo triunfo, que antes, como diz o Mestre Duda: Era um pedacinho deste tamanho aqui, que nem um babador de criança e fim de papo.

Hoje ela tomou tamanho e cobre o copo do caboclo, quase se arrastando pelo chão. O seu tamanho e esplendor foram crescendo no contato com a cidade grande no encontro com o Maracatu de Baque Virado e se adaptando aos espetáculos que vem se tornando o carnaval para a televisão. [.....]

No começo as golas era feitas de vidrilhos, o que as tornava extremamente pesadas para alcançar o brilho desejado. [.....]

Depois, com as lantejoulas, as golas tornaram-se mais brilhantes e passavam a ser vistas a maior distância. [.....]

A cada ano lanceiro ( grifo nosso) como também é chamado o caboclo de lança, fica mais brilhante sendo o motivo de seu próprio orgullho e de suas tribos dispersas.

A LANÇA

A lança ou guiada é a companheira do caboclo. É com ela que Ele protege sua tribo.

A guiada é enfeitada com fitas de cores diversas, podendo ter de 80 a 100 metros de fita.

A desenvoltura que o caboclo apresenta no manuseio deste elemento é o que o faz ser respeitado pelo outro caboclo. [.....]

Se uma mulher passa por cima da guiada, este instrumento perde seu poder. Alguns

Caboclos costumam manter a guiada perfumada.”

Segundo os mestres mais antigos, uma arrumação chega a pesar hoje cerca de 30 Kg. Antigamente esse peso não chegava a 10 Kg.

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